E pur si muove: cerâmicas romanas em trânsito ao longo do médio e baixo Guadiana

Ana Margarida Arruda y Elisa de Sousa

As escavações que decorreram no Castelo de Castro Marim ofereceram um numeroso e importante conjunto de materiais cerâmicos de época romana que foram já, em grande parte, alvo de publicação. No entanto, as leituras que essas cerâmicas permitiam focaram-se, exclusivamente, na perspectiva do comércio a longa distância, o que resultou na sua valorização no contexto das ligações que o sítio mantinha com os grandes centros abastecedores do Mediterrâneo Antigo. 

O estudo e publicação de outros conjuntos provenientes de sítios da margem esquerda do Guadiana, como Mértola, Castelo da Lousa, Castelinho dos Mouros, a que podemos associar outros já conhecidos, como é o caso do Manuel Galo, por exemplo, possibilita uma reflexão sobre o papel que o oppidum da foz do estuário desempenhou na distribuição de bens alimentares e manufacturados (não exclusivamente importados) no hinterland (e mais além), distribuição que, pelo menos até Mértola, terá sido efectuada por via fluvial. 

A definição crono-tipológica dos materiais (cerâmica campaninense, terra sigillata, cerâmica de paredes finas, ânforas, lucernas, cerâmica comum) de todos os sítios foi tida em consideração na elaboração do modelo que apresentamos, modelo que, aliás, tem origem em momentos anteriores, concretamente na Idade do Ferro.

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