Estuàrios do Sudoeste: Guadiana, Mira, Sado e Tejo, portas de entrada a espaços de redistribuição de importações cerâmicas

Por Carlos Fabião, Catarina Vegas, Inés Vaz Pinto, Rui Almeida

Carlos Fabião


Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Director do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (Uniarq). Lecciona na Licenciatura e no Mestrado de Arqueologia. Orientou e orienta diversas dissertações de Mestrado e Doutoramento na área da Arqueologia.

Têm sido seus temas de trabalho a Economia da Lusitânia, a exploração dos seus recursos e a interacção desta província com o restante Império Romano.

É autor e co-autor de cerca de duas centenas de títulos, entre estudos monográficos, artigos científicos e obras de divulgação, publicados em Portugal, Espanha, Brasil, Inglaterra, França, Itália, Alemanha e Polónia. Integra as comissões científicas de várias revistas nacionais e internacionais.


Catarina Vegas

Arqueóloga. Licenciada en Historia por la FCSH (Univ. Nova de Lisboa) en 1989, doctorada en Historia, especialidad en Arqueología por la Universidad de Lisboa (2009). Actualmente es Profesora Asociada de Arqueología en la Facultad de Letras de la misma Universidad.

Ha pertenecido al equipo de investigación de UNIARQ (Centro Arqueológico de la Universidad de Lisboa) desde 1997, y su trabajo se ha centrado en el estudio del poblamiento y la economía del Algarve durante la época romana y la antigüedad tardía. Participa en varios proyectos de investigación nacionales e internacionales y desde 2018 dirige el proyecto LORIVAI – Loulé Velho y el paleoestuario del río Carcavai desde época romana (con R. R. de Almeida).

Su investigación se centra principalmente en los conjuntos cerámicos como indicadores de la economía antigua, habiendo publicado trabajos científicos sobre contextos de producción y consumo de cerámica común, cerámica fina (terra sigillata) o productos alimenticios transportados en ánforas de yacimientos del sur de Lusitania.

Inés Vaz Pinto


Arqueóloga. Licenciada em Ciências Históricas na Universidade Lusíada de Lisboa em 1983, com MA (Master of Arts) em Clássicas e Arqueologia Clássica na Universidade do Arizona (Tucson) concluído em 1986 e doutoramento em Arqueologia na Universidade Lusíada de Lisboa, concluído em 1999. 

Foi professora na Universidade Lusíada de 1987 a 2006 e é a arqueóloga responsável das Ruínas Romanas de Tróia desde 2006.

Dedicou-se ao projecto de investigação da Villa Romana da Tourega de 1987 a 2002, e actualmente dedica-se ao projecto de investigação e valorização do sítio arqueológico de Tróia.

Os seus temas de investigação têm sido a economia e a sociedade na época romana através da arquitectura e da cerâmica romana, com particular foco na cerâmica comum e nas ânforas. Actualmente, dedica-se principalmente ao estudo e interpretação do sítio arqueológico de Tróia e, em particular, à produção de salgas de peixe em época romana e ao seu comércio. 

Tem cerca de 65 artigos publicados e três monografias (sendo autora de uma e coordenadora das outras).


Rui Roberto de Almeida

Licenciado e Mestre em História/Arqueologia e actualmente funcionário da Câmara Municipal de Loulé (Algarve, Portugal) como arqueólogo municipal e colaborado dos projectos do Museu Municipal, destacando-se a musealização dos Banhos Islâmicos e o novo Museu e Quarteirão Cultural de Loulé.

É ainda investigador da UNIARQ (Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa),  tendo nos últimos 20 anos centrado a sua investigação em temas de ceramologia romana, principalmente nos objetos do comércio provincial e interprovincial, ocupando as ânforas um lugar de protagonismo. É igualmente neste domínio a investigação para o seu trabalho de doutoramento. 

Tem participado em vários projectos de investigação nacionais e internacionais e desde 2018 dirige o projecto LORIVAI – Loulé Velho y el paleoestuario da ribeira Carcavai desde época romana (com C.Viegas R. R. de Almeida). É autor e editor ou coordenador de variadíssimos trabalhos em revistas nacionais e internacionais, congressos científicos nacionais e internacionais, obras individuais e coletivas monográficas, bem como catálogos de exposições. 


Rios da Lusitânia Meridional como meios de difusão de importações cerâmicas

Apresentam-se alguns exemplos de como os rios da Lusitania Meridional constituíram meios de difusão de cerâmicas importadas.

Os principais rios da Lusitânia Meridional têm centros urbanos na foz e nos fundos de estuário, que constituíam lugares de recepção e redistribuição de cerâmicas importadas, em estreita relação. Apresentam-se alguns exemplos: Ana (Guadiana), com a interacção de Baesuris (Castro Marim) e Myrtilis (Mértola); Callipus (Sado), com a interacção Caetobriga / Tróia e Salacia (Alcácer do Sal); Tagus (Tejo), com a interacção Olisipo (Lisboa) e Scallabis (Santarém). Mesmo em outros cursos de água de menor expressão essa difusão para o interior é notória, como nos casos dos rios Arade ou Mira.

Estes grandes rios geraram verdadeiras economias de estuário, com múltiplos pontos de povoamento interactivos. A recepção e difusão das cerâmicas pode perceber-se pela presença das cerâmicas nos portos e nos aglomerados de interior, alcançáveis por rios navegáveis. Estes lugares foram, por seu turno, centros redistribuidores para mais vastos territórios interiores.