A ocupação de época romana no vale da ribeira de Colares (Sintra, Portugal).

Alexandre Gonçalves

A ribeira de Colares desenvolve-se na base da vertente norte da serra de Sintra e desagua no oceano Atlântico, junto à atual povoação da Praia das Maçãs, local onde foi implantado o santuário romano dedicado ao Sol, à Lua e ao Oceano. A região fazia parte do extenso ager da cidade de Olisipo, que foi ocupado essencialmente através de estabelecimentos rurais do tipo villae.

Na foz do referido curso de água existiu na antiguidade um braço de mar que terá permitido a navegabilidade de pequenas embarcações, o que terá acontecido, pelo menos, até à Idade Média, constituindo-se o este vale como uma via natural de acesso ao interior do território de Sintra a partir da costa atlântica. Com efeito, ao longo do seu curso e bacia hidrográfica foram recolhidos ao longo de mais de um século diversos materiais que documentam uma intensão ocupação humana da área, tendo sido sinalizados vários sítios com ocupações de época romana, dos quais temos níveis de informação distintos.

É aqui feito o mapeamento das evidências relacionadas com a presença romana nessa área, de que se destacam os vestígios identificados no Mucifal e nos sítios arqueológicos da Quinta da Areia e no Lugar do Marcador, implantados junto a um pequeno curso de água subsidiário da ribeira de Colares. Nos locais acima referidos foram recuperados, essencialmente através de recolhas de superfície e achados fortuitos, um conjunto de evidências que provavelmente atestam a presença de um estabelecimento do tipo villa. 

Apresentam-se neste trabalho o conjunto de materiais provenientes daqueles sítios e que se encontram em depósito na reserva do Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas, em Sintra, bem como no Museu Nacional de Arqueologia, neste último caso correspondentes a recolhas efetuadas no início do século XX. 

Neste âmbito, destacamos do conjunto cerâmico recuperado no Lugar do Marcador, constituído por terra sigillata itálica, sudgálica, hispânica e africana, para além da presença de produções de cerâmica comum de âmbito local e regional, bem como contentores de transporte e armazenamento, onde se incluem produções anfóricas lusitanas e peças béticas, nomeadamente Dressel 20.

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